Polígamos e antropófagos

José de Anchieta e a invenção do pecado

Autores

  • Fernando Marques UnB - Universidade de Brasília

Palavras-chave:

Teatro jesuítico, Valores culturais, Formação brasileira, Ideias políticas

Resumo

Considerado o primeiro intelectual militante no Brasil Colonial, o padre jesuíta José de Anchieta (1534-1597) foi missionário, poeta e dramaturgo, tendo produzido 12 peças entre as quais destacamos, para análise, o Auto de são Lourenço (1587). Seus textos teatrais ligam-se à tradição vicentina e exibem propósitos didáticos pelos quais o autor buscava conduzir os indígenas ao cristianismo, para isso condenando hábitos culturais como a poligamia e a antropofagia. Procuramos compreender a influência de Anchieta na formação brasileira. Um cotejo de sua visão do mundo com a de alguns de seus contemporâneos aparece ao final deste artigo.

Biografia do Autor

Fernando Marques, UnB - Universidade de Brasília

Professor do Departamento de Artes Cênicas da UnB, escritor e compositor. Publicou, entre outros, Últimos: comédia musical (livro-CD), Zé: peça em um ato, A comicidade da desilusão: o humor nas tragédias cariocas de Nelson Rodrigues, Com os séculos nos olhos: teatro musical e político no Brasil dos anos 1960 e 1970 e A província dos diamantes: ensaios sobre teatro. Autor da comédia musical Vivendo de brisa (2019), encenada em Brasília.

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Publicado

2024-01-23

Edição

Seção

Artigos