Deleitar ensinando

a morte e a justiça divina na peça El burlador de Sevilla (1630), atribuída a Tirso de Molina

Autores

  • Gabriel Furine Contatori Universidade Federal de São Paulo

Palavras-chave:

Morte, Justiça divina, Teatro espanhol, Tirso de Molina

Resumo

Neste artigo, buscamos fazer breves considerações sobre a morte e a justiça divina na peça teatral El burlador de Sevilla o convidado de piedra (1630), atribuída a Tirso de Molina (1579-1648). Ao situar a peça dentro da tradição de ars moriendi (arte de morrer), pretendemos evidenciar que D. Juan Tenorio não se prepara adequadamente para a morte e, consequentemente, para o encontro com a justiça divina, a qual é responsável por premiar ou castigar a alma. Além de ser parte integrante do post mortem, a justiça divina na peça, como procuramos demonstrar, funciona também como uma reparadora das falhas da justiça humana. Tais questões, como discutiremos, devem ser lidas como integrantes das finalidades da poesia, deleitar e ensinar, vigentes no século XVII. Assim, a morte de D. Juan, ao mesmo tempo que deleita a audiência, ensina-a a preparar-se para a morte e a crer na justiça divina.

Referências

AGOSTINHO, Santo. O livre-arbítrio. Trad., org., intr. e not. Nair de Assis Oliveira. São Paulo: Paulus, 1995.

ALEMÁN, Mateo. Vida y hechos del pícaro Guzman de Alfarache: parte primera. Amberes: Por Geronymo Verdussen , 1681.

ARELLANO, Ignacio. Historia del teatro español del siglo XVII. 4. ed. Madrid: Catedra, 2008.

ARIÈS, Philippe. História da morte no Ocidente: da Idade Médias aos nossos dias. Trad. Priscila Viana de Siqueira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.

ARISTÓTELES. Retórica. Pref. e intr. Manuel Alexandre Júnior; trad. e not. Manuel Alexandre Júnior, Paulo Farmhouse Alberto, Abel do Nascimento Pena. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.

BÍBLIA SAGRADA. Trad., intr. e not. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Brasília: Edições CNBB, 2006.

BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez & latino. Coiembra: Collegio das Artes da Companhia de Jesus, 1728.

BOTERO, Giovanni. La razón de Estado. Lemir: Revista de Literatura Española Medieval y del Renacimiento, Valencia, n. 20, p. 969-1112, 2016.

CARVALHO, Maria do Socorro. O que há de literatura e cultura nos séculos XVI e XVII?. Letras, Santa Maria, v. 21, n. 43, p. 271-283, 2011.

CASCALES, Francisco. Tablas poéticas. Madrid: por Don Antonio de Sancha, 1779.

CASCALES, Francisco. Carta politica, escrita por el licenciado Don Francisco Cascales, al Apolo de España Lope de Vega Carpio, el año de 1634 en defensa de las comedias y representación de ellas. Madrid: En la Imprenta y Libreria de Joseph García Lanza, 1756.

CASTILLO DE BOBADILLA, Jerónimo. Política para corregedores, y señores de vasallos, en tiempo de paz y de guerra. Madrid: Imprenta Real de la Gazeta, 1775.

COVARRUBIAS OROZCO, Sebastián. Emblemas morales. In: GONZÁLEZ, Sandra Peñasco. Edición filológica y estudio de Emblemas morales de Sebastián de Covarrubias Orozco (1610). 2015. s/f. Tese (Doutorado em Filoloxía Española e Latina) – Departamento de Filoloxía Española e Latina, Universidad da Coruña, Coruña, 2015.

COVARRUBIAS OROZCO, Sebastián. Tesoro de la lengua castellana o española. Madrid: por Luis Sanchez, 1611.

CURTIUS, Ernst Robert. Literatura europeia e Idade Média latina. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1979.

HANSEN, João Adolfo. Barroco, neobarroco e outras ruínas. Floema, Vitória da Conquista, n. 2, p. 15-84, 2006.

HORÁCIO. Arte Poética. Intr., trad. e coment. Raúl Miguel Rosado Fernandes. Algueirão-Mem Martins: Inquérito, 1984.

LOPE DE VEGA, Félix. Peribáñez y el comendador de Ocaña. Ed. Alonso Zamora Vicente. Madrid: Espasa Calpe S.A., 1987.

LÓPEZ-VÁZQUEZ. Introducción. In: MOLINA, Tirso de. El burlador de Sevilla o convidado de piedra. 29. ed. Ed. Alfredo Rodríguez López-Vázquez. Madrid: Catedra, 2020. p. 51-171.

MOLINA, Tirso de. El burlador de Sevilla o convidado de piedra. 29 ed. Ed. Alfredo Rodríguez López-Vázquez. Madrid: Catedra, 2020.

MOLINA, Tirso de. Apología de El vergonzoso en palacio. In: MOLINA, Tirso de. Teatro escogido. Madrid: En la Imprenta de Venes, 1841. p. 276-280.

MOLINA, Tirso de. Deleytar aprovechando. Madrid: En la Imprenta Real, 1635.

MUHANA, Adma. A epopeia em prosa seiscentista. São Paulo: Fundação Editora da Unesp, 1997.

PÉCORA, Alcir. A arte de morrer, segundo Vieira. In: VIEIRA, Antonio. Sermões de quarta-feira de cinza. Org. Alcir Pécora. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2016. p. 9-66.

PINCIANO, Alonso López. Philosophía antigua poética. Ed. José Rico Verdú. Madrid: Biblioteca Castro, 1998.

QUEVEDO, Francisco de. La cuna y la sepultura para el conocimiento proprio, y desengaño de las cosas agenas. In: QUEVEDO, Francisco de. Obras de Don Francisco de Quevedo Villegas: segunda parte. Brusselas: Imprenta de Francisco Foppens, 1670. p. 195-232.

RIBEIRO, Lilian dos Santos Silva. Duan Juan e a construção de um mito em El Burlador de Sevilla. 2007. s/f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

SAAVEDRA FAJARDO, Diego. Idea de un príncipe politico christiano representada en cien empresas. Millan: [s.n.], 1642.

VIEIRA, Antonio. Sermões de quarta-feira de cinza. Org. Alcir Pécora. Campinas: Editora da Unicamp, 2016.

Downloads

Publicado

2023-10-19

Edição

Seção

Artigos