Iracema, outras iracemas, devir iracêmico

Autores

  • Luiz Nadal

Palavras-chave:

Autoria, Corpo, Ameríndio, Xamanismo, Devir

Resumo

O monólogo Se eu fosse Iracema (2016) encena uma noção de corpo que será inscrita, aqui, sobre a obra canônica de José de Alencar. Em contraste ao corpo exótico e exteriorizado da protagonista, este estudo busca delinear o corpo cênico performado pela intérprete Adassa Martins, na direção de Fernando Nicolau: um corpo que deforma os contornos da máquina ocidental de pensamento e produz um particular tipo de devir. Trata-se do conhecido conceito de Gilles Deleuze (2012) associado à noção de graça desenvolvida por Maria Cristina Franco Ferraz e à prática xamânica encontrada nos estudos de Eduardo Viveiros de Castro. O devir iracêmico, assim, demonstra a abertura à alteridade ameríndia realizada na dramaturgia de Fernando Marques.

Referências

ALENCAR, José De. Iracema: lenda do Ceará. São Paulo: Klick Editora, s/d.
BARTHES, Roland. A mitologia hoje. In: ______. O rumor da língua. Trad. Mario Laranjeira. 2. ed. Trad. Mario Laranjeira. São Paulo: Brasiliense, 2004.

______. A morte do autor. In: ______. O rumor da língua. Trad. Mario Laranjeira. 2. ed. Trad. Mario Laranjeira. São Paulo: Brasiliense, 2004.

BENJAMIN, Walter. O surrealismo - o último instantâneo da inteligência europeia. In: Magia e técnica, arte e política: Ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. p.197-221. (volume I)
CERNICCHIARO, Ana Carolina. Perspectivas ameríndias na estética contemporânea. Crítica Cultural – Critic, Palhoça, SC, v. 10, n. 2, p. 257-268, jul./dez. 2015.
DELEUZE, Gilles; GUATARRI, Félix. Devir intenso, devir-animal, devir-imperceptível. In:______. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia 2, vol. 4. Trad. Suely Rolnik. 2ª Ed. São Paulo: Editora 34, 2012.
FERRAZ, Marina Cristina Franco. Graça, corpo e consciência. Revista Famecos: mídia, cultura e tecnologia. Porto Alegre, v. 18, n. 3, p. 674-684. Set./Dez. 2011.
FOUCAULT, Michel. A vida dos homens infames. In: ______. Estratégias de poder-saber. Ditos e escritos. Vol. IV. Rio de Janeiro: Forense universitária, 2003.
MARTINS, Helena Franco. Tradução e perspectivismo. Revista Letras, Curitiba, n. 85, p. 135, 149, Jan/Jul. 2012.
MIGNOLO, Walter. Desobediência epidêmica: a opção descolonizar e o significado de identidade em política. Revista Gragoatá, n. 22, p. 11-41, 1º Sem. 2007. Trad. Ângela Lopes Neto.
KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. Trad. Beatriz Perrone-Moisés. 1. Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
NANCY, Jean-Luc. Corpo, fora. Trad. Marcia Sá Cavalcane Schuback. Rio de Janeiro: 7Letras, 2013.
SÁ, Lúcia. Literaturas da floresta: textos amazônicos e cultura latino-americana. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2012.
SCHOØLLHAMMER, Karl Erik. O olhar antropológico e o fim ou O fim do exótico. In: Além do visível: o olhar da literatura. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007. p.174.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Ubu Editora, 2017.

Downloads

Publicado

2019-11-24

Edição

Seção

Artigos