Construção-ruína na modernidade brasileira em O Rei da Vela e em Boca de Ouro

Autores

  • Marcelo Manhães de Oliveira Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Alexandre Faria Universidade Federal de Juiz de Fora

Palavras-chave:

Capitalismo; Modernidade; Consumo; Teatro.

Resumo

O presente artigo irá relacionar as peças teatrais O rei da vela de Oswald de Andrade e Boca de ouro de Nelson Rodrigues. Apesar da diferença dos quase trinta anos entre suas criações, demonstraremos que os personagens principais que nomeiam as obras são significativamente próximos em suas características comportamentais e podem ser lidos como alegorias do capitalismo moderno, cujos sinais da decadência são perceptíveis. Os sintomas dessa decadência do capitalismo sobre a sociedade como um todo e que inspiraram Oswald e Nelson são apresentados nas peças de forma muito similar. Destacamos que, conforme demonstra o documentário Corporation, o capitalismo traz consigo características de distúrbio sociopático. Nesse sentido, avaliando as falas do Rei da Vela e do Boca de Ouro, personagens tipo da modernidade, constatar-se-á que há neles características de psicopatas, corroborando a tese da psicopatia do capital.

Biografia do Autor

Marcelo Manhães de Oliveira, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutorando do Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Alexandre Faria, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutor em Estudos Literários pela PUC-Rio. Professor da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora.

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Publicado

2019-12-24

Edição

Seção

Artigos